domingo, 17 de abril de 2011

HISTÓRIA DE ROCEIRO

Quero com muito amor,
Contar a história do roceiro,
Da vida gostosa e simples,
Onde o amor é verdadeiro.

Que beleza é o amanhecer,
No meu querido sertão,
Falo com sinceridade,
Com muito carinho e emoção.

O triste cantar do galo
É o despertar do fazendeiro,
O berro da vaca no curral
E o grito do vaqueiro.

Não existe nada mais sagrado,
Do que a vida no sertão,
Falo com experiência própria,
Com sentimento e emoção.

A coisa mais bela do mundo,
Que mais alegra o coração,
É ver uma galinha com bastante pinto
E uma porca rodeada de leitão.

Quando nasce um bezerrinho,
A emoção é dobrada,
Dá uma sensação de felicidade,
Em ver aquela coisa sagrada.

A felicidade de ver a chuva,
Molhando a plantação,
A gente parece sentir
Lavar a alma e o coração.

A lua nascendo detrás do morro,
Clareando a escuridão,
Iluminando o caminho do caboclo,
O grande esteio da nação.

O vento balança as folhas,
É o ventilador do roceiro,
Que descansa tranquilo,
Na sombra do pequizeiro.

Tem uma coisa simples e sagrada,
Que muita saudade me dá,
O piar do jaó e da perdiz
E o cantar triste do sabiá.

Lembro-me da capina da roça,
Sinto saudade do roçado,
Daquela turma de companheiros,
Parece que sonho acordado.

O barulho do engenho de pau moendo cana,
Só ficou na recordação do passado,
Daquela cochada de garapa
E a tachada de melado.

O cantar do carro de bois,
Subindo o caminho do espigão.
O passo compassado da boiada
Parecia a batida do coração.

A alegria da bicharada,
Engrandece a alma do roceiro,
Canta a galinha da Angola,
Ronca o porco no chiqueiro.

O passeio das andorinhas,
Enfeita o céu azul-anil,
E as belezas do infinito
Do meu querido Brasil.

O caboclo levanta cedo,
Lava o rosto e toma café,
Logo pega no batente,
Juntamente com a “muié”.

É uma vida dura, porém gostosa
Da qual tenho muita saudade.
Quero dar um conselho p’ro caboclo:
Nunca se mude para a cidade.

Lugar de roceiro é na roça
Escuta o que eu vou te falar:
Eu gastei mais de vinte anos,
Para na cidade acostumar.

Até hoje não esqueci da roça,
Ainda sinto muitas saudades.
Tem coisa que nunca se esquece...
Da vida em liberdade.

Recordo quando eu andava a cavalo
E tomava o vento no peito,
O coração bate descompassado
E os olhos choram, não tem jeito.

Aquele ar puro das matas verdes,
Que enche os pulmões de felicidade
E o olhar da roceirinha,
Cheio de amor puro e sinceridade.

Dos pagodes das fazendas,
Não dá para esquecer,
Até hoje sinto saudade,
Vou me lembrar até morrer.

Aos meus amigos pagodeiros,
Companheiros do coração
Envio minha mensagem,
De nunca abandonar o sertão.

Preservem sua vida,
Sua alegria e sua liberdade,
Nunca troquem o sossego da roça
Pelos tormentos da cidade.

Tudo isso foi Deus quem fez
E lhe entregou com muito amor.
Ajude a preservar a natureza,
Meu querido amigo lavrador.

Esse lembrete foi escrito
Por um filho do sertão,
É uma pessoa simples,
É seu amigo Zé da Conceição.

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