domingo, 17 de abril de 2011

CASAMENTO DE MINHA FILHA

Querida Filha,
É com muita alegria
Que eu quero nesse dia
Transbordando de felicidade lhe abraçar
Sentindo a maior emoção do mundo,
É com sentimento
Sincero e profundo
Que lhe trago aos pés do altar.

Para celebrar o seu casamento
Esse sagrado sacramento
Sinto alegria de ver
Este sonho se realizar
Com a pessoa por você escolhida
Para viver o resto de sua vida
Seu grande amor, Uilsimar.

Espero que tenha muito amor
Para enfrentar o sofrimento e a dor.
Na sua vivência do dia-a-dia
Você encontrará nesse caminho
Pedras, buracos e espinho,
Pois o casamento não é só alegria.

Casamento é uma estrada
Toda cheia de encruzilhada
Na qual transitamos pela vida:
No começo não falta nada
É plana, reta e asfaltada
Depois se transforma em curva,
Buraco e subida.

Precisa ser firme e forte
Também contar
Com a compreensão e a sorte
Para esse caminho seguir
Em primeiro lugar tem que amar
Saber doar e saber perdoar
Para dessa jornada não desista.

Pois a vida vai se transformando,
Aos poucos modificando.
Nunca é sempre aquela:
Devagar chega a preocupação...
Bate na porta
A dificuldade e a desilusão,
O amor sempre pula a janela.

Mas vamos pedir nesse momento
Que Deus abençoe seu casamento
E encha essa união
De plena felicidade
Que nada há de atrapalhar
Só a morte poderá os separar,
E que dure uma eternidade.

– Uilsimar, Simone para mim
Foi uma loteria,
Que Deus me confiou um dia,
Grande bilhete premiado
E hoje aqui aos pés do altar
Eu venho te entregar ...
Espero que seja com
Muito amor preservado.

Digo-te que de hoje em diante
Considero-te como filho, integrante
Desta humilde família,
Deus vai nos ajudar a compreender
Para lado a lado trabalhar e viver
Pois você para mim,
É uma nova estrela que brilha.

Agradeço a Deus,
Por ter me dado a oportunidade
Desse momento de felicidade
Considero cumprida minha missão...
Assisto hoje o casamento
Dessa criatura querida
Da garota Simone Aparecida,
Que representa as cordas
Do meu coração.

Fica aqui um forte abraço
De quem guiou seu primeiro passo
Segurando em sua mão
Esperamos que tenha como guia:
O Espírito Santo e a Virgem Maria.
São os votos de seus pais,
Terezinha e Zé Conceição.

À MINHA QUERIDA ESPOSA

Morena dos olhos pretos
Do corpo bronzeado,
A primeira vez que lhe vi
Já fiquei alucinado.

Você, com andado elegante
Pisava firme no chão
Sacudindo a base do peito
Que sustenta meu coração.

Esse corpo moreno
E um jeito de rainha,
Cabelo cor de carvão
E a cintura fininha.

Você, morena formosa
Que tem a cor de um lombo assado
Mora no meu peito,
Dentro de um coração apaixonado.

Que suspira qualquer hora
No momento que lhe vê.
Fica triste e desconsolado
Quando está longe de você.

Você é uma escultura
É sério o que estou falando;
Eu quase morria de tristeza
Quando vivíamos brigando.

Mas a melhor escola é a vivência
Foi o que eu sempre fiz
Dei tempo ao tempo
Hoje sou muito feliz.

Vejo em você uma princesa,
É a rainha do meu lar.
A escola do mundo,
Deu-me o diploma,
Pois aprendi a lhe compreender
E a muito lhe amar.

Você é a grande estrela
Que me ilumina com o seu brilho,
É minha esposa querida,
É a mãe dos meus filhos.

Antigamente eu era
Triste e desiludido
Um derrotado de verdade.
Hoje sou um homem realizado
Cheio de alegria e felicidade.

Você para mim foi uma loteria:
Grande bilhete premiado
Que guardei dentro de um baú
E não conferi o resultado.

Só depois de tantas brigas
Descobri o grande valor,
Hoje recebo juro e correção
De carinho, amizade e amor.

Esse mundo é uma bola,
É palco de grande festa,
Onde, infelizmente, os casais
Antes de se amarem,
Batem com a testa.

Mais vale quem Deus ajuda,
O povo sempre diz,
Onde há amor há compreensão
Há sempre final feliz.

Agradecendo a Deus, eu termino
Dizendo que sou seu fã
Sempre lhe achei muito bonita,
Morena cor de romã.

Escrevi minha história de amor
No silêncio da madrugada,
Falando na grande esposa ,
Honesta, brava e honrada.

Essa caneta fala a verdade
E revela a grande atração,
Que sente pela Terezinha Bastos,
O poeta Zé Conceição.


Zezé

JOVENS DA 3a IDADE

Hoje quero falar com você
Com muito carinho e emoção
Vejo em você um pioneiro
Que ajuda sustentar nossa nação.

Você com sua dignidade
Mostra a força da experiência
Dando exemplo de sabedoria
Através do conhecimento pela vivência.

Olho e vejo tantas rugas
Espalhadas num rosto desfigurado
Isso retrata sua luta e sofrimento
Que você enfrentou no passado.

Sei, cultivou muitas esperanças
E já foi um eterno sonhador
Que buscou pelas veredas da vida
Dinheiro, glória, paz e amor.

Sendo muitas vezes surpreendido
Pelo próprio destino que lhe foi traçado
Se sentindo até um inútil
Vendo seus sonhos de esperanças desmoronados.

Mas pela sua força de vontade
Se tornou um herói e vencedor
Superando das fases negativas encontradas
Porque na vida há momentos de sofrimento e terror.

Você hoje é um grande espelho
Que reflete a verdadeira realidade
Para tantos jovens cheios de esperanças

Candidatos ao ciclo da 3a idade.

Lembre-se, a pessoa nunca fica velha
Quando carrega consigo a esperança
Porque a vida se renova a cada dia
Se mantiver a auto estima e a confiança.

Cada primavera que passa
É mais um prêmio alcançado
De descoberta e experiência
Que foi no diário da vida arquivado.

Eu passei por vários ciclos da vida
Já fui criança, adolescente e jovem entusiasmado
Hoje sou um senhor bem vivido
Não velho, porque velho é trapo e trapo é pano rasgado.

Fica aqui um abraço
E minha grande admiração
A você jovem de cabelos grisalhos
Contemporâneo do Zé Conceição.


Orizona, 19/01/2000
José de Sousa Péres

HOMENAGEM AO ZECA DA NÊGA

Vou falar de um poeta
Que viveu do nosso lado
É o grande Zeca da Nega
Que por todos era estimado.

Onde ele passava
Tudo virava pagode
Alegrava todo mundo
Com a sanfona pé-de-bode.

Foi um grande pai de família
Trabalhador e honrado
Simples e humilde
Porém muito respeitado.

Sou testemunha de sua luta
A muito tempo passado
Quando trabalhava lá na mata
Ele seus filhos e Pedro seu cunhado.

Sinto muita saudade
Daquele tempo que se foi
Quando fazia colheita
No velho carro de bois.

Para criar seus filhos
Ele teve que pular
Enfrentava qualquer coisa
Para seus filhos estudar.

Foi pai de dez filhos
Um grande vencedor
Deu exemplo de humildade
De carinho e muito amor.

Zeca venceu sua batalha
E deu lição de sabedoria
Divino Pai Eterno e Nossa Senhora
Eram Santos que o protegia.

Tarcísio, Tião, Elizeu, João Bosco e Luís
Dava dó ver a situação...
De madrugada enfrentavam a geada
Sol esquentava enfrentavam o picão.

Mas tudo na vida passa
Sofrimento tem o tanto que chega
Pena que ele não está aqui para comemorar a vitória,
Junto com seus filhos e dona Nega.

Seus filhos lhe retribuíram o esforço
Dedicando a ele, o grande presente,
Pois são todos dedicados e espertos
Esforçados e inteligentes.

Lembro-me de um dia que alcancei o Zeca
Numa tarde de sexta-feira
Com um saco de linho na cacunda
Descalço, todo cheio de poeira.

Você acha que é mentira
Ou apenas brincadeira
Me lembro como hoje
Eu ia para festar em Cachoeira.

Foi na cabeceira da Restinga 3 Capões
Não me lembro precisamente a hora exata
Só sei que ele vinha
Da roça lá da mata.

Morre o homem fica a fama
Esse é o grande ditado
O nome Zeca da Nega
Para sempre será lembrado.

Esta é uma simples homenagem,
Mas dedicada de coração
Como prova de uma amizade sincera
Do amigo Zé Conceição.

Zeca da Nega foi um poeta
Para quem sempre tirei o chapéu
Falou muitos versos aqui na terra
Hoje fala versos lá no céu.


Orizona, 15/05/97
José de Sousa Péres

MENSAGEM DE NATAL

Deus deu de presente ao homem
Sossego, bem estar e esperança
Criando-o com carinho e amor
Sua imagem e semelhança.

Fez o homem à sua imagem,
Deu a ele força e competência,
Acompanhado de muitas qualidades
Como a capacidade, o poder e a inteligência.

Dizem que o homem foi feito
De um simples pedaço de chão,
Para se destacar de outros animais
Deus colocou nele, o nome Adão.

Fez a mulher como presente:
Formosa, meiga e bela.
Aproveitando o sono profundo de Adão
Fez Eva de sua costela.

Deu a eles o paraíso,
Para ser sempre preservado,
Com um compromisso de obediência
De viver toda vida sem pecado.

Essa história sempre ouvi dos mais antigos
E de padres a muitos tempos atrás
Que Eva e Adão comeu a maçã proibida
Por fraqueza e obra de satanás.

Daquele dia em diante,
Começou no mundo o grande mal...
Adão e Eva foram expulsos do paraíso,
Por causa do pecado original.

Começou também o sofrimento
E o pesadelo que não tem mais fim
Por causa da inveja e da ganância
Abel foi assassinado por Caim.

Com o pecado original
Apareceu na vida o sofrimento e desgosto
O homem passou a ter que trabalhar
E ganhar seu sustento com o suor de seu próprio rosto.

Pela boca dos profetas
Ele tenta mostrar de novo o caminho,
Que livra a humanidade do sofrimento,
Dos buracos, das trevas e dos espinhos.

Numa simples manjedoura,
Todo rodiado de luz,
Nasceu da Virgem Maria
O salvador chamado Jesus.

O universo todo deu glórias
E os anjos disseram amém,
No dia 25 de dezembro
Nasceu Jesus em Belém.

Tudo é alegria e felicidade,
Nas cidades e em todos os cantos,
Pelo grande presente recebido,
Obra do Divino Espírito Santo.

Natal é uma data sagrada,
De muita alegria e de comemoração.
É tempo de festa e troca de presentes
Também de fraternidade e reconciliação.

Para você que ler essa mensagem
Desejo que tenha um alegre e Feliz Natal
Iluminado pela estrela do oriente
Não lhe aconteça nada de mal.

Recorde-se que Deus é pai generoso,
Mandou à terra seu filho Jesus,
Para mostrar o caminho a verdade e a vida
Que acabou sendo morto e pregado na cruz.

Quem escreveu esses versos
É um poeta cheio de emoção
Que os orizonenses todos conhecem
É o humilde Zé Conceição.


Zezé

A VIDA DE ANTIGAMENTE

Descreverei com muito amor
Como era a vida de antigamente
Pelo que me contam os mais antigos
Era muito diferente.

Existia muita fatura
Muita paz e alegria
Essa história sempre ouvi
De minha mãe,
De meus avós e de minhas tias.

As mulheres usavam roupas simples
Sempre feitas de algodão
Vestido e roupas íntimas
E a antiga combinação.

Sempre as mais granfinas
Para se destacar e ficar bonitas
Usavam colares e brincos de ouro
E os cobiçados vestidos de chita.

O homem pela mesma forma
Tudo na base do algodão
As calças e camisas
E as cuecas samba-canção.

Usavam também chapéus de lebre
Para ficar mais atraentes
E os finos palitós de gasemira
O luxo de antigamente.

As moças simples e humildes
Puras e muito bonitas
Usavam tranças nos cabelos
Amarrados com tiras e fitas.

Andavam-se à pé ou de cavalo
Enfrentavam a mata e a escuridão
Também o frio e o atoleiro
Para chegar à diversão.

O sanfoneiro muito animado
Tocava xote, valsa e marchinha
Dançavam com muito respeito
E alegria à noite inteirinha.

Tinha a dança de roda
De chapéu e do toquinho
Os pagodeiros sempre afinados
Falavam ligueiro seus versinhos.

Dizem que era muito gostoso
O namoro de antigamente
Não existia esse agarra agarra
Que é escandaloso, triste e indecente.

Os jovens sempre bem intencionados
Quando começavam a namorar
Não havia namoro passa tempo
Só namoravam mesmo pra casar.

Era tudo muito simples
O enxoval daquele tempo
Tudo na base da economia
Os utensílios do casamento.

A casa era de pau-a-pique
Luxo não existia
O piso era de chão batido
E a cama era de furquilha.

Os trastes eram cuia e coité
De barro faziam-se potes e talhas
Coberta e lençol de algodão
Travesseiro de paina e
Colchão de palha.

O casal vivia muito feliz
Os dois trabalhavam noite e dia
As vezes com dificuldades
Para criar sua família.

Não se ouvia falar em disquite
Era uma pura e feliz união
A única coisa que separava o casal
Era mesmo sete palmo de chão.

Dava bom exemplo com sua vida
Tinha respeito de verdade
Criava a família com muito amor
Cheia de carinho e amizade.

Tudo hoje está mudado
Casamento virou um triste vício
Sem preparação e responsabilidade
Acaba logo no início.

Hoje está tudo diferente
É só luxo e vaidade
Acabou aquele amor puro
Que durava a eternidade.

Eu tenho muito observado
Com tristeza e atenção
Parece mesmo os fins dos tempos
Essa grande desunião.

A história antiga é muito bonita
Cheia de grande admiração.
A de hoje entristece o mundo
E esse humilde poeta Zé Conceição.

MINHAS MEDALHAS E TAÇAS

Hoje com o coração partido
Olho sobre a estante medalhas e taças
São premios recebidos
Em reconhecimento a minha dedicação e raça.

São simples objetos
Que representam para mim muito valor
Por isso os olhos com orgulho
Com carinho e muito amor.

Cada taça é um pedaço de minha vida
Que a ferrugem vai aos poucos danificando
Assim como os dias que passam depressa
Para o abismo vai sempre me levando.

Elas representam as marcas
Que pelo destino foi traçado
Momentos de entusiasmo e de euforia
Que em minha vida ficaram marcados.

É também pedaço de uma história
Que não dá para esquecer
Pois o coração bate forte e os cabelos arrepiam
Relembrando tantos momentos de prazer.

O homem só se sente feliz
Quando seus objetivos são alcançados
Por isso digo com muito orgulho
Sou um homem de sonhos realizados.

Porque Deus me iluminou
E me proporcionou belos presentes
Como capacidade e inteligência
Me transformando em um homem competente.

De recordações, sonhos e saudades
Hoje eu vivo alimentado
Relembrando um passado gostoso
Que em meu arquivo está bem guardado.

Só o tempo destruirá
Momentos de mais pura emoção
Que viveu nesta vida
Zézé da Conceição.


Orizona, 25/12/1999
José de Sousa Péres

HOMENAGEM AO JOÃO DOS SANTOS

Com carinho presto essa homenagem
A um homem que foi guerreiro e honrado
O nosso saudoso João dos Santos
Que por todos era querido e estimado.

Ele demonstrou sua força
Sua raça e seu grande valor
Também conseguiu coisa inédita em nossa região
Foi eleito quatro vezes vereador.

O povo humilde de sua terra
Ele sempre acolhia com carinho e amor
Dando exemplo de humanidade
A todos, principalmente aquele mais sofredor.

Ajudava combater a pobreza
Do povo que lhe viu nascer
Desde que começou sua vida pública
Pelo seu povo lutou até morrer

Com um sorriso alegre
Pois João não era fingido
Sempre foi sinônimo de amizade
Por isso não pode nunca ser esquecido.

Como líder político deixou sua história
De honestidade, firmeza e determinação
Como homem deixou seu exemplo
De amizade, humildade e um enorme coração.

João foi um valente guerreiro
Sempre doente mais animado
Não tinha medo nem preguiça
Um caboclo firme e determinado.

Com ele não havia distinção
Levava a vida ao lado da verdade
Era amigo até dos adversários políticos
Demonstrando sua fibra e sua capacidade.

Ele foi um sofrido lavrador
Trabalhava para todo lado
Também empregado da prefeitura
E um político super consagrado.

Mesmo com falta de saúde
Ele deu conta do seu recado
Brigava pelo presente e o futuro
E mostrava a todos seu passado.

João dos Santos é parte da história de Orizona
Por isso deve ser sempre lembrado
Porque muita coisa Orizona o deve
Pelo seu grande serviço prestado.

Com saudade dedico essa mensagem
Ao amigo que foi sincero e fiel
Grande atleta de nossa terra
Vitorioso soldado do PFL.


Orizona, 28/03/2001
José de Sousa Péres

TRANSFORMAÇÃO DO MUNDO

Observando a grande transformação
Que ocorreu em nosso mundo
Me sinto orgulhoso e feliz
Pois observo tudo a fundo

Vejo tantas mudanças
Que ocorrem na sociedade
Tanto para o homem do campo
Como para o homem da cidade.

A tecnologia trouxe a transformação
Modificando o modo de agir da humanidade
Que acaba tirando do ser humano
Sua própria privacidade.

O homem passou a ser vigiado
Através do computador
Que hoje se encontra instalado
Em qualquer ponto, seja capital ou interior.

Vejo essa tecnologia que muda
Quase tudo nesse planeta
Encontramos bezerros nelores brancos
Sendo gerados por vaca preta.

Até os peixes inocentes
O homem mudou seu roteiro
São criados, como preso
Em forma de cativeiro.

Suas desovas são forçadas
Já não têm mais calendários
Põem os ovos em laboratórios
E são criados em berçários.

Se alimentam de concentrados
São anotados custos e despesas
Já não são criados mais livres
Pela lei da natureza.

Nem nossas abelhas têm mais sossego
Para produzir o mel puro e saboroso
Porque o homem com sua ganância
Agride esse inseto tão precioso.

Escraviza o pobre bichinho
E rouba sua produção
Tudo por meio da tecnologia
Que está infiltrada no sertão.

Até na agricultura a grande avanço
Na formação do agricultor
Porque a moderna tecnologia
Já está ligada ao trator.

Olho o mundo de hoje
Vejo como está avançado
Seja no campo ou na cidade
Tudo hoje é informatizado.

Robô substitui o homem
Telefone celular cruza o mundo
Supersônicos lançam foguetes
Que destroem tudo em um segundo.

Vejo carro possante
Modelo da última geração
Espalhado por todo canto
Inclusive no sertão.

A tecnologia vai além dos limites
Pois o homem transplanta com perfeição
Quase todos órgãos do ser humano
Como córneas, rins e até coração.

O que mais me preocupa
E me deixa arrasado
É porque tudo que consumimos
Está completamente envenenado.

Apesar dessa tecnologia exuberante
O homem mostra seu lado de maldade
Ele mesmo provoca o suicídio
Dos animais e da humanidade.

Envenenando a atmosfera
E destruindo nosso planeta sagrado
Que Deus deu ao homem
Para ser sempre preservado.

A inteligência é a coisa mais sagrada
Através dela sai a grande invenção
Foi pela inteligência que o homem mudou o mundo
Provocando a grande transformação.


Orizona, 25/12/1999
José de Sousa Péres

HISTÓRIA DE ROCEIRO

Quero com muito amor,
Contar a história do roceiro,
Da vida gostosa e simples,
Onde o amor é verdadeiro.

Que beleza é o amanhecer,
No meu querido sertão,
Falo com sinceridade,
Com muito carinho e emoção.

O triste cantar do galo
É o despertar do fazendeiro,
O berro da vaca no curral
E o grito do vaqueiro.

Não existe nada mais sagrado,
Do que a vida no sertão,
Falo com experiência própria,
Com sentimento e emoção.

A coisa mais bela do mundo,
Que mais alegra o coração,
É ver uma galinha com bastante pinto
E uma porca rodeada de leitão.

Quando nasce um bezerrinho,
A emoção é dobrada,
Dá uma sensação de felicidade,
Em ver aquela coisa sagrada.

A felicidade de ver a chuva,
Molhando a plantação,
A gente parece sentir
Lavar a alma e o coração.

A lua nascendo detrás do morro,
Clareando a escuridão,
Iluminando o caminho do caboclo,
O grande esteio da nação.

O vento balança as folhas,
É o ventilador do roceiro,
Que descansa tranquilo,
Na sombra do pequizeiro.

Tem uma coisa simples e sagrada,
Que muita saudade me dá,
O piar do jaó e da perdiz
E o cantar triste do sabiá.

Lembro-me da capina da roça,
Sinto saudade do roçado,
Daquela turma de companheiros,
Parece que sonho acordado.

O barulho do engenho de pau moendo cana,
Só ficou na recordação do passado,
Daquela cochada de garapa
E a tachada de melado.

O cantar do carro de bois,
Subindo o caminho do espigão.
O passo compassado da boiada
Parecia a batida do coração.

A alegria da bicharada,
Engrandece a alma do roceiro,
Canta a galinha da Angola,
Ronca o porco no chiqueiro.

O passeio das andorinhas,
Enfeita o céu azul-anil,
E as belezas do infinito
Do meu querido Brasil.

O caboclo levanta cedo,
Lava o rosto e toma café,
Logo pega no batente,
Juntamente com a “muié”.

É uma vida dura, porém gostosa
Da qual tenho muita saudade.
Quero dar um conselho p’ro caboclo:
Nunca se mude para a cidade.

Lugar de roceiro é na roça
Escuta o que eu vou te falar:
Eu gastei mais de vinte anos,
Para na cidade acostumar.

Até hoje não esqueci da roça,
Ainda sinto muitas saudades.
Tem coisa que nunca se esquece...
Da vida em liberdade.

Recordo quando eu andava a cavalo
E tomava o vento no peito,
O coração bate descompassado
E os olhos choram, não tem jeito.

Aquele ar puro das matas verdes,
Que enche os pulmões de felicidade
E o olhar da roceirinha,
Cheio de amor puro e sinceridade.

Dos pagodes das fazendas,
Não dá para esquecer,
Até hoje sinto saudade,
Vou me lembrar até morrer.

Aos meus amigos pagodeiros,
Companheiros do coração
Envio minha mensagem,
De nunca abandonar o sertão.

Preservem sua vida,
Sua alegria e sua liberdade,
Nunca troquem o sossego da roça
Pelos tormentos da cidade.

Tudo isso foi Deus quem fez
E lhe entregou com muito amor.
Ajude a preservar a natureza,
Meu querido amigo lavrador.

Esse lembrete foi escrito
Por um filho do sertão,
É uma pessoa simples,
É seu amigo Zé da Conceição.

CAMINHO DO PASSADO

Viajando no caminho do passado,
Fiquei triste e desnorteado,
Vendo tanta transformação,
Recordando coisas antigas e bonitas,
Que foram modificados ou destruídas,
Na minha querida região.

Às vezes me sinto arrasado,
Vendo tudo transformado,
Dói muito meu coração,
E me vem logo na idéia:
A beleza da mata “véia”
Que hoje só vejo na imaginação.

Não vejo mais a estrada do “Zé da Mata”,
Sinto uma saudade ingrata,
Que muita tristeza me dá,
Sempre que estou sozinho,
Relembro na beira do caminho,
O angicão e o jatobá.

Que cresceram lado a lado
E eram por todos admirados,
Devido ao comprimento e à grossura,
E foi pelo homem desrespeitados,
Sendo brutalmente derrubados,
Deixando recordações e amarguras.

Quantas árvores floridas,
Foram sem dó destruídas,
Sem um pingo de consideração,
Por esse bicho sem piedade,
Cheio de covardia e maldade,
O homem sem amor no coração.

Ali era morada dos passarinhos,
De toda espécie de bichinhos,
Criado pela mãe natureza
Que tiveram de emigrar,
Por não ter onde morar,
Na linda mata da Firmeza.

Olho a beira do ribeirão,
Só vejo uma vasta destruição,
Já não encontro trilheiro nem pinguela,
Tudo que encontro é novidade,
Recordação e saudade,
A vida não é mais aquela.

Também a casa onde morou,
Que um parente derrubou,
O berço de uma grande geração,
Que deveria ter sido preservada,
Por todos reformada e zelada,
A casa de meu avô Abraão.

Que era uma relíquia antiga,
Onde foi gerada tanta vida,
Tão cheia de dignidade,
Serviria como museu,
Para todos parentes seus,
Foi sempre ponto de encontro e amizade.

Tudo machuca e dói, em mim,
Olho a casa do tio Eliseu
E do Zé Joaquim,
Tudo parece triste como eu,
A região foi transformada,
Estradas foram mudadas,
Depois que morreram
“Zé Joaquim” e o Tio Elizeu.

Vejo o mundo cruzado de fios de energia,
Trazendo conforto e mordomia,
A todos da região,
Donde funcionam freezers e geladeiras,
Aparelhos de som e lavadeiras,
Trituradores e televisões.

O carro de bois foi aposentado,
Não se faz mais açúcar nem melado,
Tudo hoje é diferente,
Andam de moto ou de carrão,
Cavalo não é mais condução,
Que transporta toda gente.

Na pastagem, vejo modificação,
Em lugar de jaraguá é brachiarão,
A vida é acompanhada na caneta,
Veja como a coisa muda,
Não se vê mais vaca cabeçuda,
O que fala verdade é vaca preta.

O milho que era dobrado e quebrado,
Hoje é cortado e triturado,
Guardado em forma de ração,
Porco só vê milho como enfeite,
Pois virou alimento de vaca de leite,
Para aumentar a produção.

Hoje ninguém levanta de madrugada,
Para rancar feijão e bater palhada,
Tudo é na base do trator,
Não se vê mais um grande mutirão
E caboclo trabalhador de pé no chão,
Está acabando a profissão de lavrador.

Sei que hoje está muito diferente,
O modo da vida de toda gente,
Da minha querida região,
Escrevendo meus versos eu relato,
Tantas recordações, belezas e fatos
Que comovem o Zé Conceição.

MINHA ETERNA NAMORADA

Vou falar de uma grande companheira
Meu presente sagrado e infinito
Com ela tive passagens inesquecíveis
Que muitas vezes me proporcionou
Momentos tão bonitos.

Nossa amizade parece ser eterna
Longe dela sinto muita saudade
Com ela me sinto alegre e realizado
Pois me proporciona alegria e felicidade.

Através dela sou muito conhecido
Conquistei eternas amizades
Das quais recebo elogio e carinho
Me tornei popular de verdade.

Nosso namoro nasceu anos atrás
Iniciou trazendo muita esperança
Começou na década de sessenta
Quando eu era ainda criança.

Essa namorada é a bola
Amiga e fiel companheira
Tenho certeza me acompanhará
Até na hora derradeira.

Nós crescemos lado a lado
Correndo nas mais sadias brincadeiras
Uma hora era de laranja ou de borracha
Outra hora de cobertão, mangaba ou de lobeira.

Independente de tamanho ou qualidade
Sempre me proporcionou emoção
Jogando no gramado ou na quadra
Ou simplesmente no campo de chão.

Sou apaixonado por essa namorada
Que tanto já me deu prazer
Me acalmando nas horas difíceis
Transformando amarguras em lazer.

Um dia não darei conta de acompanhá-la
Aí passarei a viver de recordações
Alimentando essa amizade tão pura
De sonhos, saudades e emoções.

Só peço a Deus que me proteja
Me mantendo a firmeza e determinação
Para enfrentar a realidade da vida
Esse apaixonado pela bola, Zé Conceição.

Orizona, 05/09/1999
José de Sousa Péres

FASES DA VIDA

A vida tem várias fases
Que são encontradas no dia-a-dia
As vezes a mesma se transforma em pesadelo
E tira do ser humano a alegria.

Quando você é pequeno
Carrega consigo a esperança
Alimentada de sonhos coloridos
Puro como amor de mãe e sorriso de criança.

Tudo é lindo e maravilhoso
Pois começa aquela vida tão inocente
Logo entra a idade, da vaidade
A chamada fase de adolescente.

Nesta idade você se acha dono de tudo
E é sempre cheio de razão
Tem vontade de colocar fogo no mundo
Adora ver a fumaça erguer e após a explosão.

Ao chegar à fase de jovem
Que começa a vida de sentimento
Já pensa no futuro
Fazendo plano para o casamento.

Muito cheio de entusiasmo
A tão gostosa fase de ilusão
Sempre encontra pela frente
Algum amor que vira paixão.

Acompanhado pelo carinho
O amor fica cada vez mais puro.
Já faz plano e pensa em emprego
Para formar seu lar no futuro.

Logo chega o casamento
Começa aquela explosão de alegria
Pensa no filho que está por nascer
Edificando para sempre uma família.

Esta é a fase da vida
Na qual você fala e edita lei
Acha sua esposa uma rainha
E se considera um soberano rei.

Ao nascer seus filhos tão esperados
Chega junto a preocupação
Pensa logo na parte financeira
Remédio, vestuário e alimentação.

Com o passar dos tempos
Sempre algum defeito aparece
A situação financeira judia
Mulher fica velha e os filhos crescem.

Você se torna um boneco
Nas mãos da tão querida família
Já não é mais aquele rei
Tão admirado pelos filhos e filhas.

Muitas vezes chega a desilusão
Para aquele homem que já foi tão admirado
Sempre considerado um trem fora da linha
Que fica velho, nojento e quadrado.

Estas são as fases da vida
Do consagrado ser humano
Que vive sempre de ilusão
De planos, esperança e engano.

Ao ser traçado por Deus
Esse ciclo termina e se renova a cada dia
Para uns, recheado de dor e tristeza
Para outros, de realizações, felicidade e alegria.


Orizona, 05/12/1999
José de Sousa Péres

Recordação de um cavalo Alasão

Com uma dor no coração
Falo do saudoso cavalo Alasão
Que nunca saiu do meu pensamento
Sinto no peito uma saudade ingrata
E uma paixão que quase me mata
Recordando minha condução de tantos momentos.

Quantas vezes eu saía cortando estrada
À boca da noite ou de madrugada
Enfrentando a escuridão
Sentindo-me o homem mais feliz do mundo
Com aquele sentimento puro e profundo
Nas costas de meu Alasão.

Ainda ouço em sonho o tropel
Que bate em minha cabeça como um martelo
Fazendo acelerar meu coração
Parece ferir minha pobre alma
Como uma noite serena e calma
Que traz lembranças do meu Alasão.

Hoje moro na cidade
Mas sinto uma saudade
Que faz doer o coração
Pois os dias mais felizes de minha vida
E de minha infância querida
Passei nas costas do meu Alasão.

A saudade me invade e domina
Eu saio e vou até a esquina
Na ânsia de ver meu Alasão
Mas o que vejo é um mundo diferente
Que confunde ainda mais a minha mente
Aumentando minha paixão.

Volto para casa desiludido
Parece que estou é proibido
De ser feliz nesse mundo
O destino assim o quis
Tirou-me o direito de ser realmente feliz
Mas deixou-me um sentimento profundo.

Hoje vivo de saudade
Convivendo com a realidade
E com um sentimento obrigado
Porque o homem que tem amor
E é criado na lida do interior
Nunca esquece seu passado.


Zé Conceição

ESTRADA DA VIDA

Viajando pela estrada da vida
Deparei-me com uma grande desilusão.
Relembrando o passado gostoso
Meus olhos choraram de emoção.

Revivendo tempos de alegria
Ao lado de grandes companheiros
Onde a amizade era sincera
E o amor puro e verdadeiro.

Os brinquedos muito simples
Luxo não existia
Tudo era improvisado
A gente mesmo inventava e fazia.

Quem não sentiu emoção
No balanço da gangorra de cipó
E um lacinho lá na capoeira
Ver nele dependurado um jaó.

E uma arapuca desarmada
Dentro dela passarinhos pulando
Como o pássaro preto, rolinha
Inhambú ou pomba do bando.

Do cavalinho de pau
Que saudade que me dá
A boiada de sabugo e cabacinha
De limão, pau terra e jatobá.

E a felicidade de ver o rasto de um caminhãozinho
Na lama ou na poeira
Que a gente mesmo fabricava
De marmelada ou de lobeira.

Os banhos no velho regato
Naquela água pura e cristalina
Quando me lembro, o coração suspira
A saudade me invade e domina.

Às tardinhas o brinquedo de bola
Era gostoso e sagrado lazer
Aquela brincadeira sadia
Só terminava ao anoitecer.

A emoção de laçar um bezerro
E vê-lo berrar desesperado
A gente se sentia um herói
Ao ver aquele animal laçado.

Quem se esquece do tempo de criança,
De uma pescadinha de lambari
E do famoso estilingue ou bodoque
Que tirava a vida da juriti?

Um passeio a cavalo
Quem recorda sente saudade
São momentos inesquecíveis
De plena e real felicidade.

Também a gente não esquece
De tanta fruta gostosa
Como o caju da serra, o ingá,
Araticum, gabiroba e a curriola cheirosa.

São tantas coisas que trazem lembranças
Daquela infância humilde e pacata
Que aos poucos vai se distanciando,
Deixando só a saudade ingrata.

Onde as chamas da esperança
São apagadas pelo destino
Transformando em pesadelo
O grande sonho de menino.

Isso é a estrada da vida
Asfaltada pela ilusão
De um meio fio de saudade
Que conduz à solidão.


Zezé

AMOR DE MÃE

Amor de mãe é a coisa mais sublime
Pois só ela tem o poder da gestação
E é capaz de superar todos obstáculos
De conter o ódio para liberar perdão.

A mãe por mais frágil que seja
É sempre uma gigante em ação
Passa dia e noite com o filho nos braços
Com o mais puro carinho e dedicação.

Enfrenta o mundo e arrisca a vida,
Mantendo em seu rosto grande brilho,
Renuncia-se à própria vaidade
Para-se manter junto do seu filho.

Ela é enfermeira e advogada
Que trabalha noite e dia,
Cuidando do bem estar e defendendo o filho
Com amor, determinação e alegria.

Quando o filho é um recém nascido
A mãe sofre para dar a ele proteção
Quando cresce e se torna jovem,
Ela sofre encômodo e desilusão.

Mãe? palavra tão pequenina
De um significado tão abrangente
É o espelho de Cristo e da Virgem Maria
Que nas horas amargas está presente.

Mãe é expressão de carinho
De doação e amor profundo
Mãe é a palavra mais bela
Encontrada no dicionário do mundo.

José de Sousa Péres
(Zé Conceição)

HISTÓRIA DA MINHA INFÂNCIA

Eu me lembro do meu passado
Com muita saudade e emoção
Daquele tempo gostoso
Sinto tristeza e recordação.

Saudade dos meus companheiros
Dos banhos no regato
Da escola da fazenda
E das frutas do mato.

Como o araticum e seis meses,
Sangue de cristo e bacopari,
Gabiroba e a mangaba,
O araça e o murici.

Tinha mamacadela e gueirobinha
Marmelada, angá e curriola
Tudo servia de merenda
No antigo caminho da escola.

Era um tempo gostoso
Cheio de alegria e felicidade
Até das brigas entre colegas
Eu recordo com saudade.

Foi uma época difícil
De trabalho e pobreza
Mas quando recordo o passado
Quase choro de tristeza.

Tenho saudade da infância
Das caçadas de codorna e tatu
Recordo dos parás e da pesca de anzol
E dos lacinhos de pegar inhambú.

Dos jogos com bola de mangaba
Eu nunca me esqueci
E os famosos bodoques e estilingues
Que tiravam a vida da juriti.

Do cavalinho de pau e da arapuca
Que saudade que me dá
Também da boiada de sabugo e de cabacinha
De limão, de pau-terra e de jatobá.

Tenho saudade de tudo
Dos amigos e das brincadeiras
Me lembro dos antigos caminhõezinhos
Feito de marmelada e de lobeiras.

Era uma simplicidade que dava gosto
Por isso vivo sempre a recordar
Aquela infância humilde e pacata
Qualquer coisa servia para brincar.

As brincadeiras das meninas
Também eram muito simples
Sempre reuniam uma turminha,
Brincavam de bonecas de pano,
De roda ou de cozinhadinha.

Com o passar dos tempos
Tudo foi mudado
Alguns colegas sumiram
Cada um foi prum lado.

O mundo está muito evoluído
Hoje tudo está mudado
Não se vê mais aquele amor puro
Que havia no passado.

Televisão ensina coisa boa
Mas tira a inocência muito cedo
Mostra cenas indevidas
Não tem consideração nem segredo.

A criança cresce traumatizada
Com muita coisa triste na mente
Hoje menino de dois anos
Já não é mais inocente.

Essa história da infância
Será para sempre lembrada
A pureza e simplicidade
Com saudade recordada.

Pois ela alimenta a vida
Desse poeta cheio de emoção
Fazendo reviver momentos felizes
Que viveu o Zezé Conceição.


Orizona, 30/08/97
José de Sousa Péres
(Zezé Conceição)

HOMENAGEM AO ZÉ COALHADA

Quero prestar uma homenagem
A um homem firme na parada
Que se chama: José Vieira dos Santos
E é conhecido por Zé Coalhada.

Homem de pouca cultura
E de um português acanhado
Mas com sua coragem e sabedoria
Transformou-se em um vereador respeitado.

Não lhe sobrou oportunidade
Naquele tempo que se foi
Pois só aprendeu a trabalhar na terra
E manejar com o carro de bois.

Com o passar dos tempos
Apesar de sua grande humildade
Começou a mostrar seu valor
Em sua própria comunidade.

Pouco a pouco foi crescendo
Aquele trabalho feito com amor
Em um mil novecentos e noventa e dois
Foi eleito suplente de vereador.

Mesmo sem muita oportunidade
Fez um trabalho genial
Representando com dignidade o povo
Da comunidade de Taquaral.

O espírito de homem público
Como uma árvore foi crescendo
No meio de encontros e reuniões
Seus talentos foram se desenvolvendo.

Hoje ele mostra seu real valor
Como grande representante de comunidade
Comandando com muita ordem
A bancada de vereador da cidade.

Seu esforço causa admiração
Com sua vivência promove harmonia
Sua honestidade consolida seu grande valor
Na sua vivência do dia-a-dia.

O homem que tem bom princípio
Criado em uma família unida
Vence todos obstáculos encontrados
Na grande universidade da vida.

Parabéns, Zé Coalhada,
Pela sua firme atuação
Embora sendo quase analfabeto
Dá ao seu povo uma grande lição.

Lição de firmeza,
De trabalho e de humildade,
Mostrando que é possível vencer
Através do esforço e da dignidade.


Orizona, 10/10/97.
José de Sousa Péres
Zé Conceição)Sebastião EduardoObs: Este poema foi gravado pelo locutor Ivan Diniz, o poeta do rodeio em 2004.

METADE DE UM COURO DE BOI

Sou aquele filho ingrato
Usei de tantos maltratos
Todos conhecem a história
Meu pai era gente tão boa
Mas por imposição da patroa
Mandei o coitado embora

Sem rumo o coitadinho
Pegou um longo caminho
Para bem longe se foi
Sem provisões para a viagem
A sua simples bagagem
A “metade de um couro de boi”.

Passados alguns momentos
Terrível arrependimento
Apoderou-se de mim
Quase beirando a loucura
Saí a sua procura
Por esse mundo sem fim

Andei léguas noite e dia
Em todo lugar que eu ia
Ninguém dava informação
O povo tão orgulhoso
Ainda mais para um idoso
Ninguém dava atenção

Depois de andar bastante
Uma força interessante
Que não sei como explicar
Por todo lugar que eu ia
Essa força me impelia
Levando-me a um lugar

Naquele lugar deserto
Sem vizinhos ali por perto
Numa “tapera” em ruína
Foi onde ele residiu
Onde o coitado cumpriu
O resto da triste sina

Eu fiquei desesperado
Quase morro alucinado
Tanta surpresa que foi
Ao avistar com espanto
Enrolado ali num canto
O velho couro de boi

0 paletó ensangüentado
Encontrei engarranchado
Em meio aquela ramagem
compreendi que o coitado
Na certa foi devorado
Por algum bicho selvagem

Para confirmar a verdade
Achei sua identidade
Caído ali no relento
Seu retrato me fitava
Parece que me acusava
Daquele acontecimento.

Voltei para casa chorando
Aquele couro levando
Junto com a fotografia
Do querido papaizinho
Que num gesto tão mesquinho
Desprezei naquele dia

Eu não sei se foi castigo
O que aconteceu comigo
O meu lar desmoronou
Perdi minhas economias
Foi grande a desarmonia
A esposa me abandonou

Não sei como aconteceu isso
Não valeu o sacrifício
Só o meu filho ficou
Seu sofrimento é tamanho
Não pergunta pela mãe
Mas não esquece o vovô

Com muita dor no coração
Eu não tenho condição
De contar-lhe a verdade
É cruel a situação
Eu não mereço perdão
Por tamanha crueldade

Amemos a pessoa idosa
Mesmo que a sua prosa
Não tenha nenhuma atração
Coisas que mais o aborrece
Acabrunha e entristece
São o descaso e a solidão

Não maltratemos os velhinhos
Tão sedentos de carinhos
Principalmente os pais
Para que o arrependimento
Venha então num momento
Muitas vezes tarde demais

O idoso é gente vivida
As coisas boas da vida
O tempo leva e não traz
Eu perdi esse tesouro
As duas metades do couro
Não emendam nunca mais.


Orizona, maio de 2003

APELO EM FAVOR DA NATUREZA

Fiz esses versos em defesa
Pedindo ao homem que respeite a natureza
Essa preciosa obra do criador.
Que fez com tanta perfeição
E lhe entregou em suas mãos
Trate-a com mais amor.

Deus deu ao homem a consciência
O poder e a inteligência
E o domínio sobre toda a natureza
Mas ele vai aos poucos destruindo
Maltratando e poluindo
Transformando tudo em agonia e tristeza.

Até as matas ciliares estão acabando
Nossos córregos e rios assoreando
Tudo por causa da ganância
Que tomou conta de toda a terra
Transformando a mesma numa trincheira de guerra
Pois o homem é dominado pela ignorância.

Hoje, puro não há mais nada
Até mesmo a água se encontra envenenada
A carne, frutas, hortaliças e cereais
Porque o homem perdeu em Deus a crença
Ele mesmo provoca as doenças
Que mata o ser humano, a vegetação e os animais.

Voçê meu conterrâneo e amigo
Ouça o conselho que lhe digo
Vamos proteger os nossos mananciais
Assim você estará protegendo sua família querida
E todo sobrevivente que luta pela vida
Não poluindo a água e atmosfera, com veneno, lixo e
resto de animais.

Quero aproveitar a oportunidade
Para alertar também as autoridades
Pela séria e grave situação.
Espero ter dado o meu recado
Através desses versos rabiscados
Pelo punho do Zé Conceição.


Zezé

FIM DE SEMANA NA FAZENDA

Como é gostoso um fim de semana na fazenda
Tudo inspira alegria e serenidade
O aconchego encontrado entre amigos
Que demonstram pura e sincera amizade.

A alegria é sem dúvida contagiante
Ao começar pelo carinho e simplicidade
Porque são nas coisas mais simples
Que se encontram a verdadeira felicidade.

Ao pernoitar, que beleza!
Só se houve murmúrio de alguma criação
Tudo transmite paz e sossego
O silêncio faz a gente ouvir a vós da razão.

Ao amanhecer a serenata dos passarinhos
Vendo surgir a barra do novo dia
Parece agradecer o eterno criador
Manifestando entusiasmo e alegria.

O leite quente tirado do peito da vaca
Sem dúvida é nutriente e gostoso
E o frango feito na panela de ferro e fogão a lenha.
Que dá água na boca por ser saboroso.

Um passeio a cavalo, que maravilha!
Esse grande transporte do passado
Que apesar de ter sido o pioneiro
Hoje está esquecido e desativado.

O banho no velho riacho
Parece lavar a memória da gente
Fazendo relembrar um passado distante
Do saudoso tempo de adolescente.

E uma pescadinha de lambari
Onde resgata uma gostosa lembrança
Daquela vidinha pacata e simples
Do gostoso tempo de criança.

Tudo isso representa um poema
O qual foi rimado no dia-a-dia
Com versos de saudades e emoções
Mas também de prazer e muita alegria.

Que ficaram gravado em fita CD
Sempre é rodado no toca-fita da vida
Cada dia muda de rítmo e de tom,
Mas nem o tempo apaga as belas passagens vividas.

Nesta viagem muito feliz eu recordei
O filme que no cotidiano foi filmado
O roteiro foi o próprio destino
E o grande papel de ator por mim interpretado.

Onde o cenário deslumbrante foi a natureza
De um palco iluminado de felicidade
O qual é recordado por esse simples poeta
Com muita emoção e saudades.


José de Sousa Péres
(Zé Conceição)

NATUREZA

Quando lento vai caindo
A tarde crepuscular
Fico horas refletindo
Longas horas a meditar...
0h! meu Deus quantas belezas
Como pode colocar
No jardim da natureza
Cada coisa em seu lugar.

0 sol desce no poente
Deixando raios dourados
Surge a lua no oriente
Lindo luar prateado
Na abóboda celeste
Descortina um negro véu
O universo logo veste
Com as estrelas do céu

Bem distante num povoado
Ao findar de mais um dia
Tange o sino compassado
Na hora da “Ave Maria”
As aves procuram abrigos
Martelam os pica-paus
Já se ouvem das quebradas
O canto dos bacuraus

Meia-noite tudo é quietude
Contemplando o infinito
Semelhante aos pirilampos
Correm errante os meteoritos
Porém nem tudo é silêncio
Aos acordes de um violão
As ondas trazem de longe
De um seresteiro a canção





Madrugada, surge agora
No horizonte cor-de-rosa
Deslumbrante “estrela-dalva”
Imponente majestosa
Cantam as aves novamente
Na mais perfeita harmonia
Tudo volta ao labor
Ao raiar de um novo dia

A lua e as estrelas
Parecem ir repousar
Quando surge o Astro-rei
Em seu ciclo milenar
Mais bela que a natureza
Fascinante e atraente
Só a beleza de Deus
Criador onipotente.


Fazenda Posse, 1964/65
Sebastião Eduardo

TRAPAÇAS DO ROMÃOZINHO

Meus amigos, vou contar uma história,
Que eu tenho gravado na memória:
Um fato muito triste que aconteceu
Na casa do Silvestre Machado
Há muito tempo passado
Esse fato se sucedeu.

Aquela casinha da beira da estrada
Foi tristemente amaldiçoada
Causando medo a todo o povo vizinhos,
Apareciam coisas de repente,
Assim dizia toda gente,
Que era tentação do Romãozinho.

Deixava todo mundo apavorado
E os moradores da casa desesperados,
Num sofrimento sem igual.
Foi muito tempo de amargura
Daquelas simples criaturas,
Da comunidade do Taquaral.

Presenciei aquela triste agonia
O sofrimento do dia-a-dia,
Onde era prejudicada a própria vida.
Romãozinho maltratava todo mundo,
Não dava sossego nem por um segundo.
Jogava terra na casa e na comida.

Naquela região existia
Um homem corajoso chamado Cibia
Aquelas cenas por ele eram ignoradas:
Dizia com toda proeza,
Que aquilo era uma fraqueza,
Medo atoa e conversa fiada.

Certo dia foi visitar
A família daquele lugar
E ficou também apavorado
Assim ele emocionado contava:
Que toda hora, na garupa do cavalo apalpava,
Com o cabelo todo arrepiado.

Esse fato deixou o povo de cabelo em pé,
Pois era uma comunidade de muita fé,
Mobilizando assim a igreja e todo mundo.
Era o assunto que se falava,
Ninguém mais tranquilo trabalhava,
Até que chegou o Padre Edmundo.

Com suas mãos sagradas,
Aquela casa foi por ele abençoada,
Alcançando um grande milagre
Pois tinha em Deus a proteção,
Nas suas santas sagradas orações
Aquele poderoso e santo Padre.

O triste pesadelo foi aliviado,
A família humilde de Silvestre Machado,
Sua esposa, sua irmã e seus filhinhos.
Mas ficou em mim a triste lembrança
Daquele tempo de criança.
A história do Romãozinho.


Zezé

ANJOS DE BRANCO

Passando algumas horas num hospital
Constatei que ainda existem pessoas bondosas
Que se sensibilizam com o sofrimento do irmão
Mostrando ser educadas, meigas e carinhosas.

São os anjos de uniforme branco
Que têm uma tão bonita missão
Cuidam do seu semelhante
Com calor humano, paciência e dedicação.

Essas enfermeiras que trabalham
Na mesma rotina todo dia,
Doando tudo delas próprias
Com sorriso, carinho e alegria.

No meio de um mundo perturbado
Tão cheio de violência e dor
Há também pessoas maravilhosas
Que transmitem paz, esperança e amor.


Orizona, 22/02/2000
José de Sousa Péres
(Zé Conceição)

HOMENAGEM à MAMÃE

Mamãe!

Você é uma roseira coberta de flor
Um vaso de lágrimas cheio de amor
Que sofre calada e não reclama
Dá a vida pelo filho querido
É advogada do filho perdido
Sofre injustiça e ainda ama.

Quero lhe dar parabéns nesse grande dia
Com amizade, carinho e alegria
E lhe abraçar com amor e emoção
Você é a criatura melhor do mundo
De um sentimento sincero e profundo,
Única pessoa que perdoa de coração.

Olho em seu rosto todo momento
Vejo nas rugas seu sofrimento
Também em seus cabelos grisalhos
Sei que é herança de sono perdido
Por passar ao lado do filho querido
Que lhe dá tanta preocupação e trabalho.

Você é a estrela da guia,
Retrato da Virgem Maria
É a rainha que nos conduz
Assim também fez Nossa Senhora
Que andava pelo mundo afora
Para proteger seu filho Jesus.

Você sofre com a dor do parto
Depois recebe desprezo do filho ingrato
Que machuca seu coração
Você perdoa, reza e oferece
Seu sacrifício em forma de prece
E pede a Deus proteção.

Para o filho que vive embriagado
No mau caminho sempre drogado
Você suspira e padece
Recebe com amor seu filho querido
Mesmo sabendo que é torto e perdido
Dele você nunca se esquece.

Você sempre apavora
Pelo seu filho sofre e chora
Desespera e enlouquece
Pensa nas drogas que cruza o mundo
Não tem sossego nem por um segundo
Quantas vezes acordada amanhece.

Vejo no altar esse nome sagrado
Maria que nome abençoado!
Ao lado de seu filho Jesus
A mãe assistiu ao sofrimento
Cheio de açoite todo momento
O viu seu filho sendo pregado na cruz.

Mãe que nome honrado!
Deve ser sempre lembrado
Com amor, carinho e gratidão
Mãe é símbolo de vida
Seu nome, mamãe querida,
Está na palma de minha mão.


Orizona, 10/05/1998
José de Sousa Péres

O ESPÍRITO SANTO

Vou falar de um personagem,
Que foi enviado, pelo Salvador,
Razão de nossa fé e esperança,
Obra do rei supremo e Criador.

O espírito desce em forma de fogo
Iluminando os apóstolos e Nossa Senhora,
Que ficaram cheios de coragem
E saíram pelo mundo afora.

Dando testemunho de fé,
Proclamando o nome de Jesus
Que veio mostrar o caminho,
Verdade e vida
Que acabou morto e pregado na cruz.

Mas Deus que é generoso,
Cobre a terra com seu lindo manto,
Manda ao mundo o grande presente,
O Divino Espírito Santo.

É a força que nos anima,
Nos guia, protege e conduz,
Para a casa do grande pai,
Onde mora seu filho Jesus.

A pomba representa a paz
É símbolo de liberdade.
Representa alegria e união
Entre continentes e humanidades.

União de três pessoas divinas
Significa Santíssima Trindade
Pai é proteção, filho é obediência
Espírito Santo é pureza e santidade.

Sem pai não há filhos,
Sem Espírito Santo não existe luz
Que iluminou a Virgem Maria
Para ser a mãe de Jesus.

O Verbo Divino se fez carne
Para dar-nos o exemplo de bondade
E também para completar
As três pessoas da Santíssima Trindade.

Esse poeta faz seus simples versos
Inspirado por uma grande proteção.
Iluminado pelo Espírito Santo
E é conhecido por Zé Conceição.

Zezé

ROCEIRO ORIGINAL

Prezado amigo lavrador,
Homem de grande valor,
Que sustenta nossa nação.
Você da mão calejada,
Que segura firme na enxada
E trabalha de pé no chão.

Com sua grande humildade,
Não tem orgulho nem vaidade,
Nesse trabalho digno e honrado,
Você semeia a semente,
Enfrenta a chuva e o sol quente,
A poeira e o trabalho pesado.

Você, soldado guerreiro,
Que foi no mundo o pioneiro,
Com sua sagrada profissão,
Pois é através do seu grande valor,
Derramando seu sagrado suor
Que não deixa faltar à mesa o pão.

Muitas vezes não é reconhecido,
Sendo das grandes elites esquecido
E vive no mundo jogado,
Sem saber o que fazer da vida,
Não encontra a grande saída,
Morre sem ser aposentado.

Porque nesse trabalho duro,
Não lhe sobra dinheiro para o seguro,
Para garantir o futuro da família
Quando aposenta, é com migalha
Em nosso país as leis são falhas
Uns vivem na miséria e outros na mordomia.

Só o que resta é pedir a Deus proteção,
Que Ele nunca deixe faltar o pão
Para esse grande batalhador,
Que tem as mãos calejadas
Da foice, do machado e da enxada
Meu querido lavrador.

HISTÓRIA DO GAMBIREIRO

Como é a vida do gambireiro,
Vou contar para vocês,
É cheia de tormento,
Trinta dias por mês.

A vida do gambireiro,
Vou dizer o que eu acho
É’ como uma gangorra,
Hora está por cima, hora está por baixo.

Eu já fui gambireiro,
Eu falo com experiência,
Gambireiro tem que ter tolerância,
Muita calma e paciência.

Gambira pra ser bem feita,
Tem que ter tempo e muita conversa,
Gambira na carreira, te garanto,
Fica mal feita e não presta.

Tem coisa que anda junto
Com negócio e gambira:
É desonestidade e safadeza,
Muito papo e mentira.

Gambira é como mulher do vizinho,
É divertida e gostosa,
É uma coisa muito séria,
É coisa fina e perigosa.

Gambireiro é muito papudo,
Falo minha opinião,
Ele pode estar quebrado
Mas tem muita animação.

Alguém oferece a mercadoria,
Ele faz de conta que não quer,
Pra poder da uma de rico,
Fala que tem dinheiro com o “Tõe e o Mané”.

Quase tudo é papo furado,
Ele vive sempre quebrado.
Difícil é comprar a dinheiro,
Só compra mesmo se for fiado.

Tem duas coisas que não acabam,
Eu já tenho observado.
É o papo do gambireiro
E o dinheiro de comprar fiado.

Alguém oferece um bezerro,
Uma porca ou um leitão,
Ele faz muito pouco caso,
Sempre dá uma de ricão.

Mas se a conversa for “fiado”,
Ele muda de opinião.
Compra tudo que aparece,
Compra urubu e gavião.

Se você quer vender,
Ele nem olha a mercadoria.
Vai falando logo de cara,
Só compro com 30 dias.

Tem coisa que não me conformo,
Acho muito esquisito.
Qualquer vaca canela seca,
Ele garante que dá 10 litros.

Tem coisa engraçada,
Que na gambira encontrei.
Comprei uma vaca para dar 10 litros,
Mas só achei um litro e meio.

Sei que o gambireiro é esquecido,
De vez em quando ele engana.
Esqueci de perguntar a ele
Se ela dava 10 litros era por semana.

Quando a gambira é de animal,
Fica muito mais divertida.
É tanta qualidade para o cavalo,
É bom de sela e bom de lida.

Fui gambireiro de animal,
Mas tem coisa que eu não sei.
Cavalo de gambira não passa de 9 anos,
Poltro nunca passa de dois e meio.

Gambira é traiçoeira,
Sempre é um triste cenário.
É difícil ver quem vive só de gambira,
Que deixa inventário.

Eu já prestei atenção,
No gambireiro quando quebra.
Nunca assume o erro sozinho,
Sempre joga a culpa no colega.

Gambira é divertida,
Gambireiro é muito engraçado.
O caboclo só conta vantagem,
Dificilmente fala em negócio errado.

Gambireiro faz movimento,
Movimenta a conta bancária.
Na mesma hora que está muito rico,
Fica numa situação precária.

A gambira mal feita
Vou falar pra você como é,
Faz você perder o amigo,
E ainda brigar com a mulher.

Caboclo que gambira sem dinheiro,
No final é só confusão.
Se for acertar os negócios,
Não sobra nem um tostão.

O lucro que ele tem,
Ninguém imagina,
Fica no juro e no aluguel,
No frete e na gasolina.

Gambireiro quando está com dinheiro,
Ele é um caboclo estimado,
Pra fazer movimento no banco,
Pelo gerente é convidado.

Quando atrapalha a situação,
Do banco é simplesmente cortado,
Recebe a visita do fiscal.
E sem dó é executado.

Ele perde o crédito e o nome,
Deixa de ser um homem de verdade,
Perde tudo que fez na vida,
Perde a confiança e a amizade.

Geralmente vira um homem triste,
Esquecido e desgostoso,
Fica um homem revoltado,
Violento e perigoso.

Gambireiro quando está em boa situação,
Todo mundo quer ajudar
Se a situação fica difícil,
Todo mundo quer pisar.

Gambireiro quando perde o que tem,
Vira mau pagador e fica desonesto,
Com conversa não paga negócio,
Sem dinheiro não tem homem honesto.

Sei que tem gambireiro honesto,
Essa é a grande verdade,
Tem muito rico safado,
Tem também pobre covarde.

Não sou contra o gambireiro,
O gambireiro é divertido e engraçado,
Conto é minha própria história,
Fui gambireiro no passado.

Desculpem-me os gambireiros,
Isso é tudo brincadeira,
Cada um faz o que quer,
Cada qual da sua maneira.

A vida tem que ter de tudo,
Nós vivemos numa democracia,
Cada um faz o que pode
Pra criar sua família.

Esta história de gambireiro,
Que merece nossa atenção
Quem relatou a história
Foi o ex-gambireiro Zé Conceição.


Zezé

TERRA SAGRADA

Essa terra que eu piso,
Que todos chamam de chão,
É a mesma matéria que um dia,
O Criador fez o homem Adão.

Essa terra que me serve de cama,
Mostra que é tão generosa,
Recebe teus filhos com carinho,
Como uma mãe amorosa.

Ninguém é dono de ti,
Mas desfruta de tuas belezas,
E tenta te destruir,
Explorando tuas riquezas.

Tu que sustentas tantas vidas,
Espécies variadas de sobreviventes,
Sustentas as árvores tão lindas,
Das quais nascem as flores,
Os frutos e as sementes.

Também os rios e as pedras,
As serras e o mar,
Os pássaros tão preciosos,
Que vivem sobre a te cantar.

Sustentas as palmeiras que enfeitam
Com teu enorme verdor,
Pois o verde é esperança,
E esperança é amor.

Tu és fonte de vida,
E palco de batalhas sangrentas,
És meu refúgio sagrado,
Que me cria, conforta e alimenta.

Sobre ti tenho sonhos,
Pesadelos, esperança e ilusão...
Ás vezes até sentimento,
Muito mais alegria e emoção.

Sobre ti criei minha família,
Que para mim é a coisa mais sagrada,
Trabalhando com muito amor,
Pelas altas madrugadas.

Em ti encontro abrigo,
E condições de sobreviver,
Sobre ti me tornei poeta,
Para tua história escrever.

Tú, oh terra sagrada!
Que um dia me viste nascer,
És minha dona faminta,
Que um dia há de me sorver.

Aí então ficará só a lembrança,
E essa homenagem como recordação,
A ti terra sagrada,
Onde viveu o Zé Conceição.


Ás 02 horas da madrugada do dia 08/06/99

Zezé

CRIANÇA, FUTURO DO BRASIL

Vou falar na triste vida,
Vida ingrata e dolorida,
Do filho que cresce sem pai.
Fica um sentimento profundo
Com as injustiças desse mundo,
A dor do peito nunca sai.

Quanto mais tempo passa,
Mais o filho perde a graça,
Por falta de grande proteção
Da força do pai amigo,
Que livra o filho do perigo,
Sempre guiado pela mão.

A insegurança é cruel,
A vida parece infiel,
Cheia de amargor no dia a dia.
A criança cresce traumatizada,
Sempre triste e abalada,
Sem esperança e alegria.

Busca consolo na comunidade,
Para matar a mágoa e a saudade
De seu herói verdadeiro.
Às vezes recebe ingratidão:
Machuca ainda mais o coração
E provoca agônia e desespero.

Quanta criança tem essa triste sorte,
Perde o pai pela separação ou pela morte
E vive no mundo jogada.
Cresce revoltado, e descontente
E é criada como indigente,
Pela mãe abandonada.

Cresce sem apoio financeiro e moral,
E se transforma em assaltante e marginal
Vegeta no mundo sem instrução.
Não tem lar onde viver
Sem ninguém pra socorrer,
Acaba recolhido numa prisão.

Procura consolo na droga e bebida
Maltratando a comunidade e a vida.
Vive num mundo inseguro.
Praticando crime e assalto
Não acredita na força do alto
E não tem perspectiva de futuro.

Se quiser ter paz de verdade,
Tem que unir governantes e sociedade,
Cada ser humano fazer a parte sua,
Incentivando a educação, esporte e lazer
Fazendo o direito da criança valer
E tirando a criança da rua.

Com certeza mudará nossa vida,
Marginalidade e prostituição serão reduzidas,
Teremos um povo alegre e varonil,
Investindo no ser humano e na criança
O grande futuro e a esperança
Em nosso querido Brasil.

Essa terra amada e idolatrada,
Que no mundo inteiro respeitada,
Terra de matas, ouro diamante.
No ano dois mil entraremos com orgulho,
Pois moramos num país do futuro,
No verde-amarelo de um Brasil gigante.


Zé Conceição

HOMENAGEM AO MEU FILHO

Hoje é dia do aniversário
Do meu filho querido,
Um grande presente de Deus,
Que foi por nós recebido.

É o sangue do nosso sangue,
Fruto de um amor sagrado.
Dedico essa mensagem de carinho
A meu querido filho Ricardo.

Parabéns por mais um ano de vida
Te desejo alegria e felicidade,
Também muita sorte e animação,
Que seja um homem de verdade.

Tu representas para mim
O meu substituto de confiança,
Por isso deposito em te
Muita fé e esperança.

Sejas ajuizado e honesto
E um homem de coragem
Espero que possas dar bom exemplo
Sendo condutor de grande e honrada bagagem.

Se não te dei o exemplo que precisavas
Peço desculpa e perdão,
Às vezes é consequencia da vida
Conto com a tua compreensão.

Aqui fica um abraço
De um amigo sincero e verdadeiro,
Que apesar de ter muitos defeitos
Quer ser o melhor companheiro.

Lembra-te que sou teu pai e amigo,
Também sua defesa e proteção.
Esse humilde poeta que te adora,
Teu pai, Zé Conceição.

BELEZAS DO RIO CORUMBÁ

Descreverei com muito carinho,
As grandes belezas naturais,
Falando do Rio Corumbá,
Onde os Recantos são belos demais.

Gigante de água barrenta
Cheio de rochedos e corredeiras,
Sua água tão violenta
Forma remanços e cachoeiras.

Seu leito, que obra suprema
É em cima de pedras bem fixadas
Que serve de esconderijos,
De uma população de peixes variadas.

Onde se encontram desde o lambari
Aos peixes mais cobiçados:
Como o piau, piapara e o pacu,
O jaú, o surubim e o dourado.

Suas margens serve de abrigo
De uma fauna tão preciosa,
Pois ai mora a capivara velhaca
Paca e onça perigosa.


As ilhas são obras divinas,
Vejam uma por uma a beleza que é
Refúgio de bichos e passarinhos...
Parece a Arca de Noé.


Sua água é tão perigosa
Mas tem praias aconchegantes,
Edificadas por esse monstro sagrado
O nosso Corumbá gigante.


Corumbá que já ceifou tantas vidas,
Mas já deu belos momentos de prazer.
É onde mora a paz e a felicidade
Nesse recanto sagrado de lazer.


Corumbá é uma grande artéria de Goiás,
Onde corre a corrente de ar puro
Orgulho de nossa terra querida,
Não sabemos qual será seu futuro.


Porque o homem, apesar da inteligência,
Tem no peito um coração de maldade.
Tenta destruir essa tão preciosa obra
Por falta de amor, respeito e dignidade.
Faço um apelo a você meu amigo,
Vamos preservar essa infinita beleza,
Corumbá é um monumento sagrado
Um grande presente da natureza.


Zezé 23/06/99

LEMBRANÇAS DE MINHA CIDADE

Aos amigos de meia ou terceira idade,
Dedico essas sinceras recordações
De alguma coisa que existia em nossa cidade,
Que deixou marcas em nossos corações.

Como o tamboril do largo da igreja,
Sua sombra cativou grandes amizades,
Servia de abrigo para as multidões
Nas festas de Nossa Senhora da Piedade.

Quem não se lembra do Coreto.
Onde era gritado o grandioso leilão,
Que foi destruído sem piedade,
Em nome do progresso e da evolução.

O vai-vem na praça da igreja,
Frequentado por aquela mocidade,
Era o ponto de encontro da juventude,
Quem recorda sente tristeza e saudade.

Também o famoso Pé de Óleo,
Que cresceu junto com nossa gente,
Sua sombra amiga e aconhegante,
Era ponto turístico de antigamente.

O homem sem piedade destrói tudo,
Transforma o ambiente e o cenário,
Destruiu até nossas mangueiras,
Que existiam no nosso seminário.

Seus frutos matavam a fome
Da criança sem dinheiro e inocente,
Por que não falar dos próprios adultos?
Ali estava o alimento de minha gente.

Ali era a padaria dos pobres,
E das crianças que não tinham renda,
Quem não dava conta de comprar o pão
Tinha a manga como merenda,

O homem pelo dinheiro destrói tudo,
Até as relíquias do passado.
Não se vê mais ao lado da igreja,
O antigo e imponente sobrado.

E o campo de futebol ao lado do tamboril,
Que revelou grandes craques do passado
Destruiram da nossa cidade a história
E hoje nem foto é mostrado.

Mas nos resta o Constâncio Gomes
Que todo orizonense estima e admira,
Nos faz lembrar a grande professora,
Nossa saudosa dona Zulmira.

Colégio onde iniciaram brilhantes talentos
Orizonenses de famosas carreiras,
Que vivem espalhados por todo canto,
Honrando nossa Pátria Brasileira.

A saudade nos maltrata,
Quando pensamos no passado
De muitas coisas de estima,
Que devem ser sempre lembrandas.

Também de pessoas queridas,
Que passaram por esse chão,
Hoje, só restam saudades,
Tristezas e muita recordação.

Como João Diabo, Papôpa, Jorge Bandeira
Homens simples e estimados
E o inesquecível Bidú,
Grande leiloeiro do passado.

Quem não se lembra do Padre Cirilo,
Grande vigário de nossa cidade,
Da brabeza do Padre Edmundo
E do Aldorando com sua bondade.

Da farmácia do “seu” Euclides,
Farmacêutico honesto e fiel,
Também, da nervosia e franqueza,
Do estimado Doutor Rafael

O Mauriti Silva precisa ser lembrado,
Um orizonense de verdade.
Idealizador da usina
Que iluminava nossa cidade.

O Hugo com seu açougue
Também foi um grande pioneiro,
Homem honesto e sistemático,
Brilhante e incansável açougueiro.

E o Ibraim “Turco”,
Comerciante da linha de frente...
Atendeu os orizonenses mais antigos
E grande parte de seus descendentes.

O Luís Gomes com sua padaria,
Também deve ser lembrado,
Pessoa honesta e trabalhadora,
Grande padeiro do passado.

Casa Samuel, a loja de nossa terra,
Da qual falamos com grande orgulho,
Sempre foi comandada pelo filho de Orizona,
O nosso guerreiro Getúlio.

Você, meu velho amigo,
Sei que você nunca se esqueceu,
Da antiga máquina de arroz,
Do nosso poeta Aristeu.

Falo no Cruzeiro do Pasto das Almas,
Grande ponto de oração.
Era frequentado pelos orizonenses,
Cheios de fé e devoção.

Quem não se lembra dos banhos no açúde,
Nos tempos de criança e adolescente?
Também do poço do Angiqueiro,
Famosos banheiros de antigamente.

Sei que você, da meia e da terceira idade
Tem tudo isso guardado na memória,
Pois você, como eu, conheceu essas belezas
E também é pedaço dessa história.

Que está apagada para a juventude
E não será revivida nunca mais...
Belezas transformadas ou esquecidas
Cultivadas pelos nossos pais.

Aos amigos de minha terra
Dedico esta gostosa recordação,
Escrita por esse orizonense verdadeiro,
O poeta narrador - Zé Conceição.

Zéze

DESILUSÃO DE UM SONHO

Hoje amanheci tristonho
Pois à noite tive um sonho
Que só me fez sofrer
Sonhei com uma princesa
Dona de grande beleza
E essa princesa era você.

Eu beijava sua boca
E naquela paixão louca
Você com um sorriso dizia
Eu tenho no meu peito
Um sonho lindo e perfeito:
De ser sua um dia.

No sonho fui surpreendido
Por isso acordei entristecido
Ao ver a ingrata realidade.
No meu peito o coração
Quase explodia de paixão
Porque de você só ficou saudade.

Lá fora a chuva caía,
Parecendo que me dizia
Uma frase cheia de emoção
Quem teve amor tem saudade:
Por que viveu momentos de felicidade
Nesse mundo de ilusão.


José de Sousa Péres
(Zé Conceição)

RECORDAÇÃO DE UM CARREIRO

Hoje com o coração em pedaço
Me senti como uma ave no espaço
Que não tem onde se assentar
Revivendo o passado da vida
Relembrei minha infância querida
Não resisti e me pus a chorar.

Refleti sobre o tempo que se foi
E do meu velho carro de bois
A saudade me fez relembrar
Hoje só a tristeza existe
Me sinto angustiado e triste
Sei que o passado não vai mais voltar.

Ouço meu carro cantando no baixão
Subindo a ladeira da imaginação
Pela saudosa estrada da vida
Transportando a triste realidade
Junto a lembrança e a saudade
Que jamais será esquecida.

Esse carro que já foi sucesso
Carreou esperança e progresso
E ajudou desbravar o sertão
Hoje se acha encostado
Na chuva e no sol abandonado
Sentindo a grande transformação.

Quantas vezes de madrugada
Sendo arrastado pela boiada
Vinha rangindo os cocãos
Transportando o sagrado alimento
Todo tipo de mantimento
Principalmente arroz, milho e feijão.

Meu carro às vezes esquentava
Logo um azeite eu passava
Nos chumaços, cocãos e cantadeiras
Aquele lubrificante especial
Que eu mesmo fazia manual
Tirado do óleo da mamoneira

Quando quebrava chaveia, canzil e fueiro
Eu cortava logo um canzileiro
Sempre fui especializado na profissão
Carregava comigo um machado
Muito bem amolado
E na cintura um facão.

Cangas e cambãos eu mesmo fabricava
E do coro sempre preparava
Tiradeira, ajôjo, brocha e tamoeiro
Hoje navego pelo caminho da saudade
Convivendo com a realidade
Relembrando o saudoso tempo de carreiro

Às vezes sonho com a boiada
Naquele passo lento cortando estrada
Cruzando vereda e chapadão
Meus sonhos vão transportando
Devagar me levando
Para o abismo da solidão.

Aquele carro de bálsamo fabricado
Que se acha podre e encostado
Já foi motivo de orgulho da nação
Era chapeado de esperança
Dos seus pregos só ficou a lembrança
Pois está gravado em meu coração.

Carro de bois sua história é gloriosa
E já fez muita gente famosa
Inspirar seu nome em forma de canção
Mas o progresso sem piedade
Lhe transformou em relíquia de saudade
Para os grandes heróis do sertão.

RETRATO DE UM CASAMENTO

O casamento, caro amigo leitor
É um cenário de doçura
No começo tudo é lindo
É maravilhoso e beleza pura.

Sempre muito cheio de carinho
Parece um mar de flores
Imita o paraíso
Onde não há sofrimento, tristeza e dores.

Quando vem o primeiro filho
A alegria é redobrada
O sentimento de ver o fruto
Daquela união pura e sagrada.

Com o passar dos tempos
Começam as dificuldades
Acaba a ilusão colorida
A vida mostra a realidade.

O amor que era lindo
Vira motivo de preocupação
Chega o sofrimento e amargura
Junto com pesadelo e desilusão.

A vida se transforma
Não continua mais aquela
Dificuldade entra pela porta
Amor pula pela janela.

Depois que a família aumenta
O homem passa a pensar
A mulher vira pimenta
Difícil de suportar.

Tudo vira motivo de encrenca
Por qualquer coisa a vida incendeia
O homem diz eu não aguento
Estou cansado de mulher feia.

A mulher vira fera
Estou cansada de tudo
De ter que suportar
Esse velho, careca e barrigudo.

A vida vira rotina
Tudo transforma em obrigação
Sempre a motivo de desagrado
Trabalho vira diversão.

Juntos trabalham noite e dia
Nem um dos dois fica quieto
Lutando para educar os filhos
Fazendo futuro para criar os netos.

Casamento é substantivo composto
Cheio de altos e baixos
Mulher que suporta por ser honesta
Homem é por ser cabra macho.

Mas do jeito que estou vendo
Casamento está com os dias contados
Em um futuro muito breve
Só se vai ver casais enrolados.

Casamento é uma estrada
Na qual transitamos pela vida
No começo é plana e asfaltada
O final é buraco e subida.

Também é a estrada da ilusão
Que todo ser humano quer passar
Toda cheia de encruzilhada
Muito perigoso de errar.

Se errar não tem saída
Não tem como voltar
Sempre fica uma mancha agarrada
Que nunca mais vai apagar.

O desquite não apaga
As marcas de um casamento
Sempre fica muito profundo
Recordações e sentimento.

Casamento é coisa séria
Sempre é grande o sofrimento
Porém um dos dois que fica viúvo
Procura logo outro casamento.

Escrevi essa história
Pode rir de mim quem quiser
Apesar de complicada
A coisa melhor do mundo é mulher.


Zezé

HISTÓRIA DO RICO E DO POBRE

Vou falar de uma história
Que sempre prestei atenção
Da diferença de tratamento
Da nossa população.

O rico como sempre
Toda vida foi bajulado.
O pobre continua a vida inteira,
Sendo sempre um coitado.

Até a morte do rico é diferente,
Você pode prestar atenção.
Rico morre quase sempre de enfarto,
Pobre continua morrendo do coração.

Quando nasce filho de rico
Dá sempre o que falar.
Quando nasce filho de pobre
Só curioso vai visitar.

Filho do rico traz nome
Mais importante da nação.
Nome de pobre continua sempre
José Joaquim, “Mané” e João.

Rico chora de fingimento,
De alegria e de emoção.
Pobre chora de desespero
De tristeza ou de paixão.

Filha de rico quando se perde
É gata que todo homem assanha.
Filha de pobre quando se perde
Vira puta, biscate ou “piranha”.

Filho de rico homossexual
Nem sempre é comentado.
Filho de pobre veja a diferença
Vira “guei” ou “viado”.

Filho de rico quando não progride,
É um homem azarado.
Filho de pobre quando não progride
É sem cabeça ou desmiolado.

Rico faz festa de todo jeito:
De casamento, de aniversário e de batizado.
Festa de pobre é quando nasce o filho,
Ganha cachorro ou mata capado.

Rico só vai a festa
Pra poder aproveitar.
Quando vê um pobre em festa de rico
Ele foi pra trabalhar.

Quando vê um empregado
Muito querido do patrão,
Ele está muito interessado no serviço
Ou na mulher do pião.

Pra desquitar, o rico
Dá um trabalho danado.
Ocupa escrivão e juiz
Promotor e advogado.

Pobre é muito diferente
Cada um sai prum lado,
O máximo que ocupa
É polícia e delegado.

Rico reparte o gado,
Fazenda e mansão
Além da mulher levar a metade,
Ainda recebe uma pensão.

Pobre quando vai desquitar
Não tem muita confusão.
A mulher fica com os filhos e a sogra
O marido fica apenas com a decepção.

A mulher fica sem dinheiro
E o marido fica jogado,
Os filhos crescem no mau caminho
Pelo mundo abandonados.

Rico rouba é por ganância
E também por danação.
Pobre rouba é por preguiça
E também por precisão.

Quando morre um rico,
Perde-se um homem de valor!
Quando morre um pobre,
Coitado descansou.

Tem rico bom de coração,
Dá exemplo de humildade,
Tem também pobre honesto,
Essa é a grande realidade.

Não sou contra o rico
Essa é pura verdade,
Se tem rico perverso
Tem também pobre covarde.

Dizem que dinheiro não traz amor
Dinheiro só traz confusão,
Mas sem dinheiro não tem amor,
Com dinheiro tem mais união.

Quando morre um rico
Ajunta gente de todo lado,
Vem o parente e o vizinho
Até o primo do cunhado.

Pra carregar o caichão
Acho até engraçado
É tanta gente querendo aparecer
Que fica até descontrolado.

Um pega na alça,
Outros pegam na frente.
Não sei de onde aparece,
Tanto amigo e parente.

Coitado do pobre é diferente,
Tem que pedir ajuda à população.
Não aparece ninguém pra carregar.
Tem que ser levado de condução.

Até na morte o pobre é desprezado
Até no cemitério tem distinção.
Rico fica guardado na carneira,
Pobre fica plantado no chão.

Dizem que o dinheiro compra tudo,
Eu não tenho essa opinião.
Acho que o dinheiro ajuda bastante,
Mas não compra a salvação.


Zezé

ROCEIRO NA CIDADE

A vida do roceiro na cidade
Recebe uma transformação,
Quase sempre trás desgosto,
Desespero e desilusão.

Quando ele mora na roça,
Vou dizer a pura verdade,
Acha que a vida dele é ruim,
Pensa, a vida boa está na cidade.

Vende tudo o que adquiriu na vida,
Com muito trabalho e sofrimento,
Troca a vida calma e tranquila,
Por desespero e tormento.

O primeiro ano na cidade...
Ele fica muito animado,
Trás arroz, feijão e farinha,
Frango, galinha e capado.

Quando termina o primeiro ano,
Então começa a frustação,
Acaba o capado, o fragco e a galinha,
Junto com o arroz, a farinha e o feijão.

Ele que era livre e tranquilo,
Já começa a sofrer,
Tem que enfrentar qualquer coisa
Para comprar o de comer.

Acostumado na fartura,
Fica logo desesperado,
O dinheiro acabou tudo,
Já começa a comprar fiado.

Ele fica desorientado,
Perde aquela animação,
Trabalha dia e noite
E não sobra um tostão.

É só desgosto e sofrimento,
Que ele enfrenta noite e dia,
Não dá conta de dominar a vida,
Perde a rédea da família.

A filha chega de madrugada,
Não há mais paz nem sossego...
Filho não obedece mais,
A mulher perde o amor e o apego.

Vira uma vida sem gosto,
Sempre a relembrar o passado,
Acaba toda a ilusão da vida,
Fica um homem desorientado.

Voltar para a roça não dá mais,
Porque acabou o dinheiro,
Hoje vive de migalhas
E tem fome o dia inteiro.

A família bate o pé
E domina a situação...
O que vou fazer no mato?
Sem geladeira e televisão.

O Consolo é levar a vida,
Não adianta nem falar,
Tem que preparar a alma,
Esperando a morte chegar.

Quero que você ao ler essa história,
Cuide de tirar a sua conclusão.
Se estou certo ou se estou errado?
Quero a sua valiosa opinião.

Quem escreveu esses versos,
É um roceiro de coração.
Que já sofreu muito na cidade,
O seu amigo Zé da Conceição.


José de Sousa Péres

O GRANDE MISTÉRIO DE DEUS

Pensando no grande mistério de Deus
Resolvi escrever esses simples versos
Contemplando as belezas infinitas
Desse imenso e sagrado universo.

Deus fez tudo muito certo
E não deixou nada faltar
Fez tudo sobre medida
Cada coisa em seu lugar.

Deu a inteligência ao homem
E o domínio sobre toda natureza
Também deu a mulher como presente
Eterna e soberana rainha da beleza.

Fez da terra um berço sagrado:
Onde tudo se reproduz e cria
E mantém a manutenção da vida
Na sobrevivência do dia-a-dia.

Na terra planta e colhe
É o milagre da reprodução
Que é multiplicado várias vezes
A semente que cai no chão.

Regada pela chuva, ar e calor
A semente germina e cresce
Dominada pela própria natureza
Solta a flor, dá o fruto e amadurece.

Certo dia me pus a olhar
Em uma vereda na campina
Senti o milagre da natureza
Na água que brota da mina.

Que a séculos escorre e não acaba
Saceia ser humano e animais
Que aos poucos transformam em rios
Ligado aos grandes mananciais.

Ali naquele momento de reflexão
Pensei e fiz um verso
Como a natureza é perfeita
Como é lindo o universo.

Água é um grande mistério
É o combustível que mantém a vida
Que foi abençoada por Deus
Essa pura e sagrada bebida.

Me senti muito pequeno
Diante de tanta maravilha e beleza
Vendo coisas simples e pura
Que enfeitam a natureza.

A beleza de um passarinho
Independente de tamanho ou cor
Logo vi em minha frente
Um pequeno beija-flor.

Que sugava o mel saboroso
De flor em flor fazia a corrida
Para saciar sua necessidade
Buscando energia para manter a vida.

Fui meditando com muita atenção
Como Deus fez o mundo bem feito
Tudo tem seu ciclo de vida
Na natureza tudo é perfeito.

Terminando seu tempo marcado
Acaba logo de repente
Até hoje ninguém encontrou
Alguma coisa que ficou pra semente.

Olhando dentro de um poço
Que ficava ali pertinho
Naquela mesma água da mina
Já se encontravam lambarizinhos.

Que alimentavam-se de larvas e sementes
Criado nas árvores, na água ou no chão
Deus não deixa nem um sobrevivente
Sem alimento ou refeição.

Eu que era ambicioso e incomodado
Logo comecei a meditar
Se Deus é pai e criador
Tendo fé nele nada há de faltar.

Contemplando tanta coisa linda
A vida tem mais sentido e mais sabor
O verde da natureza
E o campo vestido em flores.

A lua grande companheira
Parece nos guiar pela mão
Iluminando nossos caminhos
Em uma noite de escuridão.

E as estrelas que tanto brilham
Muito longe no firmamento
Parece proteger o homem
Que adormece ao relento.

Olhando bem distante grandes serras
Cercadas de pequenos montes
Belezas que enchem os olhos
Onde fica o horizonte.

Tudo na natureza é perfeito
Cada coisa tem seu valor
Até os bichos mais perigosos
No fundo vive de amor.

Assim também é o ser humano
Muitos vivem sem rumo e perdido
Mas cada um tem sua qualidade
Seja santo, assaltante ou bandido.

Tudo foi feito por Deus
Falo com convicção e certeza
Criado com muito amor
Pela grande mãe natureza.


Zezé

SONHO DE POETA

Essa noite tive um sonho
Acordei muito assustado
Sonhei com uma roda de violeiros
Muitas duplas do passado.

Chegaram Nenete e Dorinho
Atrás do “ goiano valente”
Encontraram José Fortuna e Pitangueira.
Com “o preso inocente”.

Torres e Florenço vieram na “Mula preta”
Mas chegaram muito atrasados
Procurando Tião Carreiro e Pardinho
Que sumiram com “o rei do gado.”

Tônico e Tinoco também chegaram
Com “a caneta e a enxada”
Vieram na “besta Ruana”
Trazendo “antigas cartas guardadas.”

Zico e Zeca com “Dona Jandira”
Já chegaram de manhãzinha
Junto com Liu e Léu
Trazendo “a sementinha.”

Silveira e Barrinha vieram do “coração da pátria”
Por isso demoraram a chegar
Acompanhados pelo Trio da Vitória
Na “Canoa de Jacarandá.”

Quando Cascatinha e Inhana chegaram
Todos aplaudiram o grande casal
Pois eles cantavam seu imortal sucesso
“A flor do cafezal.”

Estava uma festa muito animada
Igual a essa eu nunca vi
Teixeirinha trazia com muita bravura
“A grande cobra sucuri.”

Jacó e Jacozinho depois da “empreitada perigosa”
Chegaram bravo de verdade
Encontraram Dino Franco e Moraí
“Com o caboclo da cidade.”

Praião e Prainha, dois bons goianos
Vieram lá da “igrejinha da serra”
Trazendo Belmonte e Amaraí
Com “saudade de minha terra.”

Valderi e Misael vieram no “avião das noves”
Juntamente com Zé Ferreira e Ferreirinha
Para acertar “o transporte de boiada “
Trazida por Vieira e Vieirinha.

Zilo e Zalo com o “feitiço espanhol”
Abafava tudo que existi.a
Até que chegaram Abel e Caim
Com o “milagre de Santa Luzia.”

Os filhos de Goiás, com a “gaiola de aço”
Prenderam Trio Parada Dura e o “quebra tupete”
Fizeram Juliano e Jardel ficar com o “sorriso mudo”
Com a “homenagem ao Tião Carreiro” de Divino e Donizete.

Chegou uma notícia triste
Trazida por Luizinho e Limeira
Naquele instante acabou de morrer
“O menino da porteira.”

Zé Tapera e Teodoro gritando “tiau amor”
Saíram muito descontrolados
Arranjaram uma briga com Nestor e Nestorzinho
Por causa de um “relógio quebrado”.

Acordei com muito barulho
Nunca ouvi tanto tiro assim
Era Bile Gancho e o “homem mau”
Brigando com Léo Canhoto e Robertinho.

Isso tudo foi um sonho
A fumaça das explosões subiu ao léo
Chegou perto de Cassula e Marinheiro
Que mora no “cantinho do céu.”

Isso foi um passa tempo
Testando a imaginação.
Eu quis fazer um teste
De memória do Zé Conceição.


Orizona, 10/05/97
Zé Conceição)

ENCANTOS DE MINHA TERRA

Aqui onde eu moro,
É um recanto encantado,
Onde tudo é sagrado,
Desde o amanhecer do dia,
Aqui só se vê é beleza,
Não há lugar pra triteza,
Tudo é paz e alegria.

Moro de tráz do morro,
Onde o guarda é meu cachorro,
Não há luxo nem vaidade,
Pescar é minha diversão,
Eu não tenho televisão,
Vivo na maior simplicidade.

O que me dá mais alegria,
É quando amanhece o dia,
Ir tratar das criações.....
A coisa mais sagrada,
Que é por Deus abençoada,
É minha vida no sertão.

O que me faz mais feliz,
É o ditado antigo que diz:
Que comove o coração,
Quem planta e cria,
Tem gosto e alegria,
Não tem tristeza nem decepção.

É mesmo uma coisa sagrada,
Que deve ser preservada,
É a própria natureza,
Onde morma os passarinhos,
E sobrevivem os bichinhos,
Num grande cenário de beleza.

A alvorada de minha terra,
Onde as belezas se encerram,,
Começa de madrugada,
Canta o galo no poleiro,
O grande rei do terreiro,
Dando a ordem à bicharada.

Pássaro preto canta de alegria,
Ao nascer do novo dia,
Parece mesmo uma festa,
João de barro canta na paineira,
E o sabiá na laranjeira,
O maestro da grande orquestra.

Siriema canta no cerrado,
Saracura no bainhado
Colorindo mais o cenário:
Juriti na capoeira,
Urutau na ribanceira
Aqui não sou escravo do horário.

Eu não tenho vizinho,
Moro num canto sozinho
E não tenho preocupação,
Vivo sempre folgado,
Qualquer coisa é feriado,
Como é gostoso a vida do sertão.

O que mais me entristece
É quando uma criação adoece
E eu não a posso socorrer,
É doído ver um bicho inocente,
Que aparece triste e doente
Sofrendo até morrer


A minha grande riqueza,
É a própria natureza,
Que Deus fe z com tanta amor.
Tenho orgulho de ser roceiro,
Pois no mundo sou pioneiro
Com a profissão de lavrador.

É belo ver no mato o jacú,
Na palhada o inhambú
E a perdiz lá na chapada
E no terreiro a codorninha
Misturada com as galinhas,
Que coisa bonita e sagrada.

O que eu sinto dó,
É ouvir o pio triste do jaó,
Chamando na capoeira.
Um caçador sem piedade
Cheio de covardia e maldade
Matou sua amade companheira.

É mesmo uma beleza,
O encanto da natureza,
Aqui no pé da serra.
Moro na beira de um ribeirão
Que não tem poluição
Como é belo a minha terra.

Ver a água caindo nas pedreiras,
Formando remanços e cachoeiras,
É mesmo uma obra do criador,
Que fez tudo em sete dias
Com muito amor e alegria,
Por isso é que eu dou valor.

Na minha terra tem mais amor,
Onde mora o beija-flor
E as borboletas radiantes.
Há ainda o canárinho e a rolinha,
O pica-pau e a andorinha,
Preciosos como o diamante.

Encontraei o meleta e o tatu,
O bandeira e o tiú,
Existem bicho de todo jeito,
Aqui a natureza preservada,
Não é permitido matar nada,
Caçador aqui não aceito.

Fui criado com humildade,
Com amor e simplicidade,
Em meu querido sertão,
Por isso vivo feliz,
Minha alegria tem raiz,
Bate firme o meu coração.

Eu não tenho um carrão,
Meu cavalo é minha condução,
O transporte primitivo,
Eu não tenho instrução,
Meu diploma é o calo nas mãos,
Mas alegre sempre eu vivo.

Que beleza é sair de madrugada,
Sem precisar ter medo de nada:
De assalto nem de bandido,
Aqui não se vê prostituição,
Nem ataque de ladrão,
No sertão, o povo é unido.


Como é belo ver a lua nascer,
Quando começa anoitecer,
É tudo muito bonito...
O romper da madrugada,
E uma noite estrelada?
E as belezas do infinito?

A chuva enverdece meu sertão querido,
Dá à floresta novo colorido,
Alegrando os passarinhos,
Faz desabrochar a flor,
Que dá ao fruto o sabor
O qual alimenta os bichinhos.

Aqui ainda se reza o terço,
A devoção que vem do berço,
Ainda se tem fé no criador,
Em minha terra, tudo é sagrado,
Conserva-se a tradição do passado,
Tudo é tratado com muito amor.

Tudo alegra a alma do roceiro,
Do mais puro brasileiro,
O grande esteio da nação.
Alegra também esse escritor
Que não é nem um doutor
É o sertanejo Zé Conceição.


Zezé